Porque é que a maioria dos atores de Hollywood são britânicos? É sinónimo de poder e grandeza

Este fenómeno acontece em séries de grande sucesso como “A Guerra dos Tronos”, “O Senhor dos Anéis”, entre tantas outras. A nova prequela “A Casa do Dragão”, dos criadores do mundo de Westeros, também mantém esta tendência.

Mas afinal de contas de onde vem este sotaque britânico com as diferentes pronúncias locais, da Escócia aos País de Gales, ao típico londrino sotaque cockney, até ao ininteligível irlandês? A explicação está nas próprias tradições de Hollywood. A produção de filmes com som coincidiu com o pico do império britânico.

O sotaque britânico era associado a poder, e naturalmente, os norte-americanos adotaram um sotaque híbrido entre as duas versões da língua. Com o passar das décadas, essa predominância desvaneceu-se, mas haveria de ressurgir novamente nos épicos anos 70 e 80, onde as duas versões da língua coabitavam juntas.

A pronúncia americana reinava nas personagens do povo, os heróis; os vilões e as pessoas com muito poder adotaram a pronúncia britânica. Desta feita, os atores britânicos começaram a ganhar maior presença no cinema americano, pois eram escolhidos para interpretar estas grandes personagens.

“[O sotaque britânico] está tão enraizado na fantasia e na ficção científica que ficamos surpreendidos quando as personagens não o têm”, explicava sobre o tema o crítico de televisão Matt Zoller Seitz, em 2012, à BBC. “Na fantasia, as personagens poderiam ter qualquer tipo de sotaque, mas o britânico parece ser a regra.”

Estes filmes e séries tem como foco o público norte-americano. São criados a pensar sobretudo nos milhões de espectadores nos EUA, e os produtores sabem que o sotaque é sinónimo de um mundo exótico e de uma realidade diferente. Isto permite não alienar o resto do público por todo o mundo.

“A Guerra dos Tronos” inspirou-se muito na era medieval europeia, apesar de não haver confirmação oficial. O mapa de Westeros assemelha-se em tudo ao Reino Unido. No sul, é anexado um território que não passa de uma Irlanda de pernas para o ar.

“A série enfatiza as diferenças entre as pronúncias regionais britânicas e isso funciona muito bem, sobretudo na divisão da luta, por exemplo, entre os nortenhos Stark e os Lannisters do sul. Oferece um ótimo contraste e ajuda os espectadores”, explica à BBC Stephen Tierney, administrador de um grupo de fãs da série.

Os britânicos conquistaram o seu lugar em Hollywood, por isso não espere grandes mudanças nos próximos tempos, e que o diga a nova série “A Casa do Dragão” da HBO.

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